Poucas mulheres entraram para a história da música.
Mas é caso para dizer... Poucas... mas boas!
A violoncelista portuguesa Guilhermina Suggia (1885-1950), foi uma das contempladas, que para além de ser reconhecida em todo o universo musical, veio a ser uma figura mundial.
Nasceu no Porto e aí começou a estudar violoncelo com o seu pai e com o famoso violoncelista espanhol Pablo Casals.
Aos sete anos dá o seu primeiro concerto e a partir daí a sua notoriedade foi crescendo. Em 1901 parte para a Alemanha para estudar no Conservatório de Leipzig, com uma bolsa de estudo concedida pela Rainha D. Amélia.
Aos 17 anos inicia uma carreira internacional e opta por se tornar violoncelista profissional, sendo a primeira mulher a fazer carreira a solo e a atingir tão grande êxito nesta profissão.
Passando pelas grandes cidades europeias, foi em Londres que centrou a sua actividade musical. As entradas em palco eram descritas como imponentes e a interpretação como revelando um domínio absoluto do instrumento e a compreensão total da obra tocada. As críticas da altura referem que os aplausos eram estrondosos, ressoando nas salas com assistências enfeitiçadas.
Guilhermina revolucionou o instrumento em técnica, sonoridade e até na própria posição de tocar o violoncelo. As boas maneiras da época ditavam que o instrumento não devia ser tocado por mulheres, uma vez que devia ser colocado entre as pernas. Por isso, quando executado por intérpretes femininas, este era colocado de um lado das pernas ou do outro, o que tornava a posição muito incómoda.
Descontente com isso, Guilhermina decidiu adoptar uma posição mais confortável e claro muito vanguardista, uma vez que ainda havia orquestras que proibiam a contratação de violoncelistas femininas, como a orquestra da BBC, em Londres.
E foi assim, que a partir da iniciativa desta portuguesa, as mulheres começaram a aparecer em público, a tocar violoncelo como nos nossos dias, com o violoncelo entre as pernas.
Reconhecendo o seu valor, em 1923 o Governo de Portugal agraciou-a com a insígnia de oficial da Ordem de Santiago da Espada, uma honra raras vezes concedida a senhoras, e em 1937 foi promovida a comendador da mesma Ordem. Em 1938 foi-lhe concedida a Medalha de Ouro da cidade do Porto, a sua cidade natal.