Domingo, 20 de Abril de 2008
Hoje foi dia de concerto no CCB. Entre os 69 que se realizaram neste fim-de-semana na Edição Dias da Música em Belém, escolhi um, pela curiosidade que tinha em ouvir uma obra de Astor Piazzolla para acordeão e orquestra. A primeira obra do concerto era as Quatro estações de Vivaldi (1678-1741) de que falei há umas semanas, e pensei ... "vou ouvir mais uma vez..."
Mas surpresa ... das surpresas! Embora já a tenha ouvida várias vezes, esta foi sem dúvida especial. A solista Patricia Kopatchinskaja (que tocava violino em destaque, em relação à orquestra) apresentou-se de fato comprido, como é hábito em palco, mas descalça!
Tenho alguma dificuldade em descrever a sua forma de estar em palco e de sentir a música... mas denotava um grande à vontade e muita espontaneidade. Ouve alturas em que levantava ambos os calcanhares do chão, outras virava-se para algum músico da orquestra em especial, e outras ainda em que saltava... principalmente quando executava o que se imaginava ser as tempestades de vento e chuva no Inverno. Mas melhor que a minha descrição, é a expressão que o meu filho usou para caracterizar a solista... "é uma ganda maluca!". Acompanhada pela Orquestra do Algarve, proporcionou-nos uma interpretação genial da obra de Vivaldi.
Mas a obra que me tinha levado a escolher o concerto, não me desiludiu...
Astor Piazzolla (1921-1992) argentino e grande responsável pela popularidade actual do tango, compôs as "Quatro estações" em homenagem a Vivaldi. Também a sua música recria o ambiente e apela ao imaginário relacionado com a respectiva estação. Mas Piazzolla consegue fundir características da música erudita (por exemplo a fuga na Primavera ) com ritmos, cores e outras características do tango argentino. O resultado final... é... fabuloso! Violinos e contrabaixos que fazem também percussão, o acordeão em contratempos sem fim, as melodias geniais...
Deixo aqui um excerto de Las Cuatro estaciones Portenas " de Astor Piazzolla. Tenho pena, mas não encontrei nenhuma interpretação com acordeão e orquestra, onde os instrumentos
de sopro e de percussão têm, para mim, um papel muito importante...mas enfim, esta também é uma excelente interpretação...