Sexta-feira, 08 de Novembro de 2013
A formação musical na infância tem um efeito positivo e duradouro na forma como o cérebro processa o som na idade adulta, sugere um estudo publicado na revista Journal of Neuroscience.
À medida que envelhecem, as pessoas sofrem alterações no cérebro que comprometem a audição. A resposta a alterações bruscas de som, importante para a interpretação do discurso, é feita de forma mais lenta pelo cérebro dos idosos.
Contudo, estudos anteriores desmontaram que este declínio associado à idade não é inevitável, a formação musical pode compensar estes e outros declínios cognitivos.
Neste novo estudo, os investigadores da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos da América, decidiram avaliar se a formação musical na infância estava associada à forma como cérebro respondia ao som, anos mais tarde.
Para o estudo, os investigadores contaram com a participação de 44 adultos saudáveis que tinham entre 55 e 76 anos de idade. Os participantes escutaram a sílaba «da» a partir de uma voz sintetizada, enquanto lhes era medida a atividade elétrica através dos potenciais evocados auditivos do tronco encefálico. Esta é a região cerebral que processa o som, estando também envolvida na função cognitiva, sensorial e na função de recompensa.
O estudo apurou que apesar dos participantes não terem tocado, nos últimos 40 anos, qualquer instrumento, os que tinham recebido formação musical entre os quatro e os catorze anos de idade respondiam mais rapidamente aos sons, na ordem dos milésimos de segundo.
«Ser um milésimo de segundo mais rápido, não parece muito, mas o cérebro é muito sensível ao tempo e um milésimo de segundo em milhões de neurónios pode fazer diferença na vida das pessoas», revelou, em comunicado de imprensa, Michael Kilgard, investigador.
«Este estudo alerta para a importância que a educação musical na infância pode ter na saúde décadas mais tarde», disse uma das autoras do estudo, Nina Kraus.
Por outro lado, estas descobertas também confirmam que o investimento que as pessoas fazem na infância ao nível cerebral continua a ser benéfico anos mais tarde.
Maria João Pratt
in crescer.sapo.pt